segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O tempo passa mas a saudade fica presa,
A lembrança vive, aparece de surpresa
A dor ressôa pelas alturas
E em momentos vagos e constantes
Tento afastar a mente de todas as loucuras...

O hábito entranha-se em nós,
Como um cheiro fétido que nos persegue
E que apesar de nos acompanhar
Sempre tentamos afastar

A revolta é um desejo sublime
que o corpo ordena que se realize
Numa súbita interpretação
O ódio domina o coração

A duvida permanece
E eis que surge a questão:
Como pode isto ter soluçao?
Não é curável a doença de que sofro
Nem preenchível o buraco sem fundo
Em que sinto, vejo, cheiro e ouço
Uma parte da minha vida que já não existe
Uma maldição á qual a minha vida não resiste...

2 comentários:

Tança disse...

Espantoso. Mas porque é que ele não pôs o autor? E como é possível ter encontrado um poema que fosse tão igual a si próprio, que fizesse tanto sentido quando associado ao seu olhar?

Pensei que fosse Fernando Pessoa, tive curiosidade para saber "qual deles". Copiei os dois primeiros versos para o motor de pesquisa do Google e o único resultado foi este blog. Voltei a ler o poema e achei mais espantoso ainda, mas a relação que tinha encontrado entre ti e o poema pareceu-me agora relativa, quando percebi que tinhas sido tu o autor e não um desconhecido e drástico Fernando Pessoa.

Tudo isto me fez lembrar uma música de uma banda espanhola que eu adoro:

"Que el blanco sea blanco
y que el negro sea negro,
que uno y uno sean dos
porque exactos son los números ....... depende.

Que aquí estamos de prestao,
que hoy el cielo está nublao,
que uno nace y luego muere,
y este cuento se ha acabao ........ depende.

Depende, de qué depende,
de según como se mire todo depende.

(...)"

A música chama-se Depende e o que apreendo dela é que nunca há só um ponto de vista sobre nada, e que por isso não há nada que seja só uma coisa.



Parabéns, está brutal o poema.

Tança

pedropv disse...

GRNDE ABUSO!